LAVANDA E ÁGUA-BENTA
(Soneto n.288)
*
Eu remexo as cinzas da lareira,
reviro-as procurando uma inteira
para que aqueça a noite gelada,
para que serene a alma magoada.
Entre as cinzas e entre a poeira
há uma cheirosa, doce madeira,
que do meu quintal foi retirada,
numa manhã solar e abençoada.
A candeia está apagada agora,
na aproximação de outra aurora
que chega e lá fora já se anuncia.
Visto-me... e a branca vestimenta
foi lavada a lavanda e água-benta,
a afastar a dor de tamanha agonia.
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