SILVIA REGINA LIMA
Escrevo e me transporto para dentro daquilo que escrevi.
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Textos
Soneto n.215

'A melancolia não passa de um entusiasmo que arrefece.'  André Gide

 
MELANCOLIA

Pode um segundo portar a eternidade
se dentro dele inda morar a fantasia,
seja à luz do sol ou ao fim de um dia,
e desde que nos livre da mediocridade.

Eivada de sonho (e de densa saudade)
a vida faz o fado, e faz alta a agonia
de quem imprime a sua forte rebeldia,
e procura desconcertar a unanimidade.*

Chega um dia em que tudo isso fenece
e cansa-me tantas coisas que se disse.
Eu desejo mais, seja sombra ou sandice.

Basta-me de melancolia (e de obediência)
quero viver com loucura e mais veemência,
no mágico entusiasmo que nunca arrefece.

Silvia Regina Costa Lima
7 de julho de 2011

* Desconcertar - v.t. Perturbar, atrapalhar, desorientar. Descompor, desarranjar.







Um pouco mais sobre André Gide

André Gide era de família modesta e protestante, por parte de pai, e de família da alta burguesia, por parte de mãe.Ele teve infância difícil com tratamentos de saúde, e em Paris, cursou a faculdade de letras e de filosofia.

Sua primeira obra  "Os Cadernos de André Walter", foi publicada em 1891.Sua juventude foi marcada por numerosos conflitos interiores. Durante uma viagem ao norte da África, adoeceu gravemente e ali rebela-se dando vazão a seu homossexualismo (depois relatado em sua autobiografia) como liberdade de recusar restrições morais e puritanas, e a sua obra gira ao redor de sua eterna busca pela honestidade intelectual.

Casa-se com sua prima Madeleine, em 1895, pela qual se apaixonara numa relação longa e tortuosa e de quem tem uma imagem de perfeição de forma  mais intelectual, mas muito ardente... seguindo numa grande viagem pela Suíça, Itália e Tunísia. Dois anos depois, colabora com o periódico "L'Ermitage", para o qual escreveu diversos artigos.

Gide funda, em 1908, a "Nouvelle Revue Française", junto com outros intelectuais,  revistas que alcançaria prestígio na Europa. Ali, ele defende o rigor formal e o classicismo em seus artigos. Vive uma crise religiosa e em 1914 publica "Os Subterrâneos do Vaticano", romance burlesco, na Primeira Guerra Mundial.

 Adquire grande prestígio junto ao meio intelectual após a guerra,  e em 19 publicou "A Sinfonia Pastoral", o que muitos críticos consideram sua obra prima.  Gide torna-se o intelectual engajado que participa ativamente da política do seu tempo. Defende o comunismo, mas apesar desta postura, denuncia os crimes de Stalin, após uma viagem à União Soviética.

Escreve diversas obras, nem todas são bem aceitas em sua época pois a crítica nem sempre o elogia como ele espera e Gide sente-se, muitas vezes,  incompreendido. Entre as principais estão "Os Moedeiros Falsos", Os Frutos da Terra", "Saul"e "A Volta do Filho Pródigo". Recebe o Prêmio Nobel de Literatura, em 1947, e  torna-se doutor honoris causa pela Universidade de Oxford neste mesmo ano, o que lhe confere reconhecimento internacional .  André Gide elaborou o romance "Tereza", uma tradução de "Hamlet", de Shakespeare, e uma adaptação para o teatro de "O Processo", de Kafka.

André Gide morreu de problemas cardíacos.


Obs: Dados retirados da net, revisados e coligados por mim.






Te dedico, teacher,
por me fazer melhor
apreciar este importante
escritor.


Silvia,

muito me honra sua amizade, sua atenção, seu carinho, seu amor. Tenho certeza de que muitos poetas me invejam neste momento.

Você soube captar a alma atormentada do grande escritor francês da primeira metade do século XX e que, depois de muito tempo, conseguiu romper com todos os laços que o limitavam e deixou que sua alma voasse livre dos liames que o prendiam a um mundo tolo e hipócrita.

Obrigado pelo belíssimo soneto, obrigado por ter aprendido a gostar de Gide, obrigado por ter me aturado.

Não deixe que a emoção tome a frente de suas palavras, pois estas não podem ser recolhidas após serem proferidas. Sei que me entendeu.

Beijos azuis profundo


Gil
 
SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 11/07/2011
Alterado em 11/11/2017
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