Textos
Soneto n.186 MAIS PROFUNDO
Quase sempre adoro o tradicional
e toda a qualidade da temperança,
se neles repousa algum bom ideal
que se aprendeu já desde criança.
Mas no decorrer de um cerimonial,
e como se fosse um nó de trança,
temos que desfazer (e é natural)
aquilo que emperra - não avança.
E muitos hábitos já não são sábios,
mesmo vindo de vetustos alfarrábios*
como usar, no funeral, luto fechado.
Nosso sentir é algo mais profundo
que exibir um véu negro ao mundo
para prantear-se o nosso ser amado!Silvia Regina Costa Lima21 de fevereiro de 2011* A palavra alfarrábio provém do antropónimo árabe Al-Farabi, filósofo que viveu em Bagdade no século IX. Segundo Augusto Magne, significaria "livro velho e de leitura enfadonha, livro sem estima.Um esclarecimento muito necessário:Fiquei sabendo (por uma outra poetisa amiga que gentilmente me telefonou) que alguém não entendeu e sentiu-se mal por eu ter homenageado minha mãe aqui no Recanto, e posteriormente ter feito um soneto-desabafo sobre a Morte em geral. E também por que fiz um poema mais sereno e esperançoso (O que há de vir) para agradecer aos queridos amigos que vieram compartilhar minha dor e fazer-me companhia com palavras amorosas e de incentivo. Eu lamento isso, sinceramente.A pessoa achou ali que eu deveria guardar luto por meses. Respeito esta opinião, mas não penso assim.
Minha mãe era pessoa alegre, vestia-se de roupas claras, amava o belo, estava sempre sorrindo e perguntando-nos em que ela poderia nos ajudar. Viveu uma vida longa (quase 94 anos), saudável, protegida por nós. E assim como viveu, morreu de repente, sem ter estado doente sobre uma cama como vejo tantos poetas e amigos lamentando e sofrendo - ela morreu a melhor morte.
Estar aqui no Recanto junto aos poetas queridos não faz de mim uma "louca demente" e muito menos "alguém que não está sofrendo". Homenageei minha querida mãe da maneira que eu sei: Primeiro escrevi o poema/homenagem, depois me arrumei bonita para ir a seu velório como ela gostava de me ver. Imprimi e levei-lhe o poema "Adeus minha mãe, até um dia", tirei do porta-retrato e levei-lhe a foto de sua amada mãe - e, quando lá cheguei, eu vi que ela estava muito linda, mais jovem, serena, perfumada, pintada, com seu colar de pérolas, seu brinco, sua bolsinha contendo seus óculos, a sua amada santinha Aparecida e tudo o que ela gostava. Minhas irmãs a haviam presenteado também. Fizemos então para ela um mágico ritual de passagem que nos deu Paz e um velório terno e sereno como ela haveria de gostar. Oramos e depois cantamos a canção que ela amava. Que mais?
Nossa dor não se mede assim generalizando tudo...ela é pessoal, intransferível, única... cada um sabe da sua, de como a sente, de como reage. Eu - por ser só - vim buscar forças junto aos amigos que fiz na net - e é bem cruel saber que fui tão mal entendida por isso. Mas eu não vou sofrer pelo amargor do outro! Não vou me igualar a quem faz coisas escondidas sob pseudônimo na net e com perfil fake, trancado - seja quem for.
Meu perfil é aberto a todos, limpo, tem R.G., tem meu endereço, tem minha cara, não está bloqueado para ninguém, não é fechado para peneirar os comentários a serem aceitos - estou aqui há mais de 3 anos - e sempre assumo tudo o que escrevo! Não preciso sair em busca de leituras à custa de minha mãe. Todos os que foram ler "Adeus Minha Mãe", (mais de 302 pessoas) foram ali espontaneamente me fazer companhia, consolar-me e não são partes de "minha alcatéia" - como todos vocês foram chamados ali no virulento texto. Eu coloquei o meu poema aqui e saí em seguida de Vinhedo, pois fui para Sampa acompanhar a última viagem de Dna. Antonieta - que agora repousa como mereceu - e feliz com suas filhas pois todas fizeram sempre o melhor para ela...e quantos poderão dizer o mesmo?
E o quero deixar bem claro aqui - e está aí a Administração atenta desse Recanto que não me deixará mentir aqui: mesmo assim muito ofendida ali, eu, respeitando a Ética e a Liberdade de Expressão, não denunciei o texto em questão e não pedi a sua retirada. O Recanto é que o retirou porque assim entendeu por bem fazê-lo, independemente de não haver uma denúncia minha. Como podem ver, a justiça ainda se faz!
E ainda existe o que prega o velho ditado: "Cada um oferece o que tem" e, com certeza, eu deixei ali, naquela página triste, a minha compreensão e meu entendimento de que cada alma imortal está num estágio espiritual e é livre pra demonstrar isso de sua maneira, seja cordialmente ou agressivamente, com ódio no seu coração - conforme for sua orientação.
Que as pessoas que frequentam este lugar, este Recanto, saibam respeitá-lo mais, pois é aqui que nós todos colocamos nossos poemas e textos para serem lidos - sim - e é bom parar-se com tanta hipocrisia, pois quem não quer ser lido pode muito bem deixar o que escreve nas gavetas de sua casa ou nos baús das honradas avós. Não precisa publicar nada aqui, não é fato? Todo escritor precisa de seus leitores e os conquista com talento, mas também com cordialidade e simpatia, pois nada disso é incoerente. E assim é em todas as demais Artes onde todos querem mostrar aos demais o que fazem. Na Literatura não é diferente.
Agradeço a atenção que me devotam. Agradeço as palavras amáveis que sempre e sempre me oferecem em milhões de comentários belos e sinceros. A admiração, o tempo, a presença que cada um me oferece. Somos já uma grande família aqui e assim deveria ser sempre, mesmo com algumas turbulências nos bastidores.
Que todos saibam como fizeram bem ao meu coração machucado pela partida de mamãe!
MOSTRANDO A TODOS OS EMAILS QUE RECEBI DA ADMINISTRAÇÃO DO NOSSO RECANTO, COMPROVANDO
A VERDADE DO QUE EU DISSE AQUI:
email n. 1
"administracao@recantodasletras.com.br" at, Feb 19 2011 18:50 - Josi S.
Cara autora,
é mesmo muito triste, mas não se deixe abalar,
continue como você é,
produza seus textos,
viva da maneira como você aprendeu com sua mãe.
Está muito feio para ela, não para você.
Só o tempo vai amenizar a dor da perda.
Cada um tem uma reação, a sua foi muito bonita.
Sempre é tempo para homenagearmos a quem amamos.
Com o texto modificado damos o caso como encerrado.
Receba meu abraço e meus sinceros sentimentos pela passagem de sua mãe.
Atenciosamente,
Josi
Recanto das Letras
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email n. 2
"administracao@recantodasletras.com.br"
Cara autora,
Assim que eu tiver uma oportunidade informarei que não foi você
quem fez a denúncia.
Um abraço,
Atenciosamente,
Josi
Recanto das Letras
**********************
Agradeço ao Recanto por administar com atenção e cuidado
o espaço de todos nós.
Um beijo, Josi.
***********@recantodasletras.com.br
Deixo uma frase de presente para todos:"Fico triste quando alguém me ofende tão gratuitamente,
mas, com certeza, eu ficaria ainda mais triste se fosse eu
esse ofensor... "
SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 21/02/2011
Alterado em 21/01/2016
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