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Conto Minimalista n.39QUANDO OS DEUSES ATENDEM...**
Era um templo grandioso. Havia ouro em todos os entalhes. O grande altar brilhava em azul e, chamando a atenção, um oscilante incensório derramava um cheiro de atar de rosas por sobre tudo.
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Ela se sentia entorpecida não só por causa da fumaça forte, mas também oprimida pela suntuosidade local. Era uma Lady e devia suportar com estoicismo e elegância o ritual antigo. Tentara escapar de seu destino, mas ela era considerada uma simples moeda de troca entre reinos poderosos como acontecia com as mulheres da nobreza.
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O calor era irritante devido à presença maciça de membros da corte. Ela sentia o peso do olhar do amado cavaleiro sobre si que, posicionado atrás dos nobres, nada podia fazer para evitar o sofrimento daquela mulher impossivelmente amada. Silenciosa e imensa era a dor dela e muito difícil conter seu desejo de correr para os braços dele. Queria que o chão se abrisse tragando a todos ali, inclusive a si própria já que quase preferiria morrer naquela mesmíssima hora de tão infeliz se sentia!
-Lady Joana, ajoelhe-se e faça o juramento de fidelidade ao Rei, seu futuro consorte.
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O terror a invadiu. Não queria ser perjura, porém odiava o homem que estava arrogantemente postado à sua frente com seu sinistro sorriso e como se já fosse seu dono. Sua vista escureceu diante daquela figura detestável e orou com urgência e fervor ao Universo para que algo sucedesse a ele e, assim, a livrasse de seu pesado destino. Mas nada aconteceu e ela tornou a ouvir a voz impaciente do padre:
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-Vamos, vamos, apresse-se Senhora!
A voz dela saiu num fiozinho, cada palavra ardendo na garganta como se arrancada de dentro de si: "Eu... Lady Joana... de Navarra... juro por minha vida respeitar e ...
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A primeira flecha atravessou a nave e atingiu em cheio o padre no altar. Gritos, tumulto e muito medo se instalaram quando aquela invasão chegou de repente. Joana foi subitamente agarrada e, horas depois, levada junto aos poucos reféns que sobreviveram ao massacre e ao saque imposto pelo bárbaro governante de um reino fronteiriço ao deles. Então, passou a não mais viver como dama de uma corte real - que ela era por direito de nascimento e linhagem - mas apenas como uma das muitas mulheres que viviam num harém e que pertenciam a ele por direito de conquista. Espólio de guerra.
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Nunca, até aquela data terrível e em toda a sua vida, ela pode lembrar tão amargamente do que sua mãe, uma iniciada nos cultos antigos, tentara ensinar a ela desde pequena:
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"Muito cuidado com seus pensamentos e com o que você pede aos deuses do Fado, menina, pois eles poderão, de fato, atender!"
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Silvia Regina Costa Lima1 de outubro de 2009
SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 25/10/2009
Alterado em 18/11/2020
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