Textos
PROSA POÉTICA n.8
Na Espuma
Derrubo, desajeitada, metade do frasco de essência de flor de laranjeira, patchuli e ylang ylang na banheira. A espuma sobe e nos encobre. Você ri do meu susto e do meu sem jeito.
Meus cabelos se soltam e se molham, enquanto tento me salvar. Você me olha demais - e coro. Sei que estou bem desalinhada. Mas seus olhos me dizem outra coisa. E sua boca fala:
"Como está bonita assim natural, sem pintura e nada. Obrigado."
Esse surpreendente agradecimento me desmonta/desarma.Toca-me o coração. E tudo se acende! Prendo a respiração quando você mais se aproxima, pois sinto uma vergonha excitada.Difícil de explicar.
Nossos opostos se atraem e o beijo cresce. Voam bolinhas de sabão, estrelinhas, purpurinas coloridas, cristais, espumas... Nosso desejo caminha lado a lado. Sem pecado.
Ah, eu sou tão feminina... meiga. Não sou perigosa, não sou loba ou Diana, a caçadora; mas, sim, amorosa. Gosto de agrado. E, dos seus, um bocado!
Gosto de tudo o que você me fala, mesmo o que não se diz por aí - só em cumplicidade. Gosto até do que você cala, mas que ouço. Sinto.
A banheira vira um maremoto e, rindo, esparramamos água por todos os lados. O desejo é muito forte e esquecemos o resto. Tudo se enche de nossos sons e do perfume da morna água.
Ondulamos no mesmo movimento, num compasso perfeito. Você me mantém fortemente contra si. Febril, eu murmuro umas coisas desconexas e meu corpo todo se arqueia no prazer desse momento, pois o êxtase depressa se aproxima.
Juntos soltamos um mesmo grito e, dentro da espuma perfumosa, nós recriamos o infinito e o brilho de mágicas estrelas...
Silvia Regina Costa Lima
28 de novembro de 2008
SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 15/04/2009
Alterado em 17/11/2020
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