SILVIA REGINA LIMA
Escrevo e me transporto para dentro daquilo que escrevi.
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Textos

Série Cinismo n.35




E, por debaixo da mesa,
feito uma gata siamesa,
minha perna esquerda

enroscou de leve na sua.
Eu não sei bem porque,
um calafrio esquisito,
foi o meu corpo subindo
num intenso indo e vindo.


Um não sei o quê -
um auê, íntimo agito
como se a própria lua
arrepiasse a maré.
Pois é, então o seu pé
também errou o chão
e escalou o meu joelho

em prenúncio de enguiço.


Não pude erguer o olhar,
vermelha feito pimentão
e, em febre de paixão

(muito sem juízo)
derrubei o meu vinho,
que acabara de chegar
por sobre o alvo linho
só pensando em escapar.

Que droga!! Bem feito!!
Por que fui acreditar
saindo para jantar?

E pior: vi pelo espelho
que você ria baixinho

de meu tímido sem jeito
num bem cínico sorriso
pelo fulminante efeito.


Mas logo agora
então
que fechei o coração,
que não quero ilusão,

como fui me derreter
e assim, sem perceber,
escorregar, me perder,
nesse seu bobo feitiço
sem nenhuma solução?


Afff...que faço agora com isso?



Silvia Regina Costa Lima
13 de junho de 2010




 

SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 19/06/2010
Alterado em 27/03/2022
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